Fazer cocô fora de casa não precisa ser um tabu para as crianças
- Editora Sucesso
- 12 de ago. de 2019
- 5 min de leitura
A dificuldade de fazer o nº 2 vai além da fisiologia. Muitas vezes está associada a um padrão comportamental pelo desconforto em evacuar em locais desconhecidos
Férias, recessos, feriadões são horas de as crianças aproveitarem para brincar, passear, se divertir com os amigos e a família. Para os pais que também estão de folga é o momento de agitar a programação ou fazer aquela viagem para relaxar e esquecer a correria do dia a dia. Por ser um período em que a rotina das famílias muda bastante, é natural que as crianças fiquem mais tempo fora de casa e passem a comer alimentos menos saudáveis e fora dos horários, principalmente se estão em passeios ou viagens. Essa mudança de comportamento pode afetar o metabolismo delas, dificultando, por exemplo, que consigam fazer cocô fora de casa. “A constipação ou prisão de ventre costuma apresentar diversos sintomas e incômodos nas crianças, como irritabilidade, cólicas, dificuldade de evacuar e dor quando consegue. Manter hábitos alimentares saudáveis são necessários para ajudar no combate a esse problema”, alerta a pediatra Geisa Quental. A médica é especialista em pediatria pelo Instituto da Criança da FMUSP. Trabalha em clínica médica geral e medicina integrativa. É também especialista em Psicanálise da Criança (Sedes Sapientiae), Saúde Quântica (Uninter/FAPS), Medicina Psicossomática (Sociedade Brasileira de Psicossomática) e Homeopatia (Associação Paulista de Homeopatia). Ministra seminários sobre medicina integrativa e técnicas inovadoras de cura, como o uso de frequenciais.

O intestino pode ficar um pouco mais preso dificultando a ida ao banheiro e, na agitação das brincadeiras, às vezes os pequenos ainda seguram a vontade de fazer o número 2, impedindo um funcionamento regular do intestino. Consequentemente, não conseguem ir ao banheiro fora de casa, gerando stress não só para as crianças, mas também para os pais.
A causa também pode ser comportamental
É o caso de Helena, 5 anos, que foi passar férias com a família no Piauí. Durante a viagem conheceu parentes, comeu bem, brincou, tudo correu tranquilamente até ter vontade de ir ao banheiro. Segundo Sâmia, mãe de Helena, ela ia ao banheiro, mas não conseguia fazer cocô e o desconforto perdurou por três dias, até que foi preciso levá-la ao hospital. Exames detectaram que as fezes estavam ressecadas, impedindo a evacuação. Foi feita lavagem intestinal e remédios foram receitados, mas, ainda assim, Helena continuou com dificuldades para evacuar. “Foi bem tenso, pois passamos 20 dias fora de casa e a vontade foi voltar no mesmo dia, para que ela voltasse a sua rotina”. A mãe de Helena acredita que a causa de todo esse mal-estar foi o fato de a filha estar fora de casa, ou seja, a vergonha de fazer cocô em um banheiro estranho, aliada à gastronomia local diferente dos hábitos diários.
De acordo com Geisa, a constipação pode acometer adultos e crianças e a mudança de ambiente e dos hábitos alimentares fazem diferença no metabolismo. É indicado evitar o consumo de produtos que contenham glúten e caseína (presente nos laticínios), altamente inflamatórios. “Ter um bom funcionamento do intestino é muito importante para qualquer pessoa e a ingestão diária de bastante líquido, frutas, verduras e fibras contribui para que o organismo funcione corretamente”, alerta.
Quando nem na casa da amiga vai...
Como criança é uma caixinha de surpresa, não é preciso viajar para que desconfortos ocorram. Foi assim com o Caio, 10 anos, que saiu para passar uma tarde na casa de uma amiguinha que mora há cerca de um quarteirão da casa dele. Denise, a mãe, conta que ele pediu para ir buscá-lo só depois das 18h, mas, antes do horário combinado, ela se surpreendeu com o retorno dele. Ao perguntar o que houve, ele só disse depois te conto e correu para o banheiro. “Minutos depois, contou que estava brincando e começou a ficar com vontade de fazer cocô, mas ficou com vergonha de usar o banheiro na casa da amiga e segurou até onde deu. Quando não aguentou mais, correu para casa”, conta Denise. Casos como o de Caio mostram que, muitas vezes, a dificuldade de evacuar fora de casa pode até estar associada ao tabu de fazer cocô, normalmente associado a algo que dá vergonha. De acordo com a pediatra, fazer cocô em banheiros estranhos pode causar constrangimento porque a criança pode ter a sensação de que o outro percebe o ato como algo sujo, o que compromete a naturalidade de se usar o banheiro.
Igor, 10 anos, conta que estava de férias com a família em Santa Catarina e, em um dos dias, passou horas brincando em um parque. Tinha comido muito e praticado muitas atividades, quando veio aquela vontade de fazer o número 2. “Fiquei com muita vontade, mas os banheiros estavam cheios e tive vergonha pelo cheiro. Não quis fazer e segurei, segurei até chegar ao hotel”. A mãe, Juliana, disse que percebeu certa inquietação, mas como ele não reclamou achou que fosse só pela a agitação do dia.
Os riscos de uma constipação
Geisa Quental chama a atenção para os riscos de bloquear a necessidade fisiológica. Cada vez que o organismo indica a vontade de fazer cocô, e a criança segura e não faz, as fezes vão ficando ressecadas, o que pode levar um processo inflamatório crônico no intestino uma vez que ele deixa de absorver nutrientes, formando bolas de fezes que fermentam. 60% do peso seco das fezes são bactérias, que precisam ser eliminadas para evitar a fermentação que inflama o intestino. “Esse processo de inflamação causa bastante mal estar, gerando cólicas, dificuldade para dormir, alterações de humor, perda do apetite, fadiga e cansaço”, explica Geisa.
Dicas para os pais ajudarem os filhos na hora de fazer o número 2
A pediatra diz que o ideal é evacuar todos os dias, mas isso varia muito de uma criança para outra, portanto, não há regra específica. Mas, segundo a profissional, os pais podem tomar alguns cuidados para ajudar os filhos em casos de intestino preso:
· Mesmo durante as viagens, procure manter regularidade nas refeições com alimentação saudável;
· Diminua o consumo de açúcares e refrigerante para evitar a fermentação. Ingerir azeite de oliva, frutas;
· Tomar bastante líquido;
· Deixar a criança se exercitar, brincar, fazer atividade física, pois ajuda na hora de evacuar;
· Se a criança ficar ressecada, os pais podem fazer uso de um supositório de glicerina para estímulo,
· Ingestão de lactobacilos e fibra a base de inulina (fibra vegetal, chicória, tomate, alho poró, cebola, aspargo) ajuda;
· Em casos extremos, levar ao médico para lavagem intestinal.
Inovação corajosa
Histórias como essas se acumulam e acontecem com frequência. “Foi pensando em amenizar casos como esses, que demos início ao nosso negócio. Foi quando surgiu a ideia de desenvolvermos o primeiro bloqueador de odores sanitários do Brasil”, explica Rafael Nasser, um dos sócios e cocriador do FreeCô, produto que inaugurou uma nova categoria no mercado de higiene nacional. “Acreditamos que o benefício do produto era maior que os obstáculos para apresentá-lo às pessoas e aos comerciantes. No início, muita gente desconfiou que a estratégia daria certo, apostando que a vergonha seria uma barreira para a entrada de um novo produto no mercado” completa Renato Radomysler, Sócio e Cocriador do FreeCô.
Três anos após o início das atividades, o produto é comercializado em mais de 15 mil pontos de venda em todo o país. Entre 2016 e 2017, o negócio cresceu 150%. Em 2018, foram mais de 1,5 milhão de unidades vendidas. Para 2019, a expectativa é de um crescimento de 30% chegando a 2 milhões de unidades vendidas. Graças à demanda do consumidor hoje existe uma linha completa da marca com diversos tipos de produtos, soluções e fragrâncias que podem ser encontradas no varejo, e-commerce e em versão para empresas e estabelecimentos, que funciona como um serviço mensal.
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